Festival Dança Para Todos, uma experiência de diversão, diversidade e inclusão

A arte é sem dúvidas uma grande aliada para a educação e à reabilitação de pessoas com deficiências ou que sofreram algum acidente e tiveram seu desenvolvimento afetado física ou cognitivamente. Percebendo esta linha tênue a Gaia Cultura e Arte, uma empresa gaúcha especializada em projetos culturais realizados através da Lei de Incentivo à Cultura, promoveu o Festival Inclusivo “Dança Para Todos”, que aconteceu no dia 04 de maio, na cidade de Alpestre, Rio Grande do Sul, com a realização do Ministério da Cultura, Patrocínio da Foz de Chapecó e apoio da APAE de Alpestre.

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Segundo os organizadores o Dança para Todos tem o objetivo de ampliar o diálogo da arte contemporânea, abrir espaço para artistas iniciantes, possibilitando o intercâmbio entre o amador e o profissional. Para dar ênfase ao objetivo do festival foram ministradas oficinas de dança contemporânea, por profissionais da Crepúsculo Cia de Dança e da Pulsar Cia de Dança Contemporânea, para alunos e professores de doze APAES das seguintes cidades: Itá e Chapecó, de SC, e Iraí, Sarandi, Planalto, Nanoai, Tenente Portela, Rodeio Bonito, Frederico Westphalen, Seberi, Chapada e a cidade sede de Alpestre, todas do Rio Grande do Sul.

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A secretária de educação da cidade de Planalto, Sílvia Dalberti Zaleski, estava presente com os alunos da Escola Senhor da Vida e disse que muita coisa já mudou em relação ao tratamento com a diferença, que hoje as pessoas já têm consciência dessa necessidade de se aceitar as diversidades, mas que ainda pode-se melhorar e afirmou: “Eventos desse porte são muito importantes devido à interação e a troca de vivências que trazem boas experiências através do convívio dentro do conjunto todo do acontecido.” A afirmação da secretária pode ser confirmada na fala do aluno Glaucimir: “Eu sou de Rodeio Bonito. Gostei muito da apresentação e de poder conhecer muito mais amigos e também de conhecer Alpestre, da professora que deu a oficina de dança e eu adorei dançar e brincar com todos.”

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A Secretária Municipal de Assistência Social da cidade de Planalto, Mariele Martini de Lima, disse estar muito feliz e agradecida de participar do evento juntamente com a equipe da secretaria. Mariele afirmou: “É muito importante esses eventos onde integram vários municípios e oportuniza esta troca de experiências entre todos, enfatizando a importância da rede municipal também estar articulada para movimentar o município e a conscientização para ter um olhar especial para estas pessoas, buscando a mobilização de todos a favor da melhoria da acessibilidade. Todos têm que estar integrados, as secretarias, as assistências sociais, a saúde, a educação, a administração, a população em geral, para trabalhar em prol destas pessoas que precisam da nossa atenção.”

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À tarde a programação do Festival Dança Para Todos teve sequência com as apresentações artísticas teatrais e de danças dos alunos das APAES das cidades participantes do evento. Foi um momento de promoção da dignidade e do respeito à diversidade, onde os atores e dançarinos demonstraram todo seu talento artístico.

Para a noite ficou reservada as apresentações artísticas profissionais com as companhias de dança Pulsar Companhia de Dança Contemporânea e da Crepúsculo Cia de Dança.

A Pulsar Cia. de Dança Contemporânea foi criada em 2000 no Rio de Janeiro. Dirigida por Teresa Taquechel, vem sendo considerada nos últimos anos uma referência nacional no trabalho com arte, dança, deficiência e inclusão social. Desde sua criação, dedica-se à construção de obras coreográficas em dança contemporânea, refletindo em sua pesquisa a multiplicidade do indivíduo e possibilidades de produção artística entre corpos ímpares com resoluções próprias de movimento. A Pulsar agraciou o público presente no Ginásio Municipal de Chapecó com o espetáculo “Indefinidamente Indivisível”, no qual os bailarinos da Pulsar Cia De Dança usando bolas infláveis evidenciaram os aspectos imprevisíveis que caracterizam os processos de movimento e de transformação. O trabalho parte da obra do filósofo francês Henri Bergson e é descrito como uma maneira poética e plástica de compreender seu pensamento.

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A Crepúsculo Cia. de Dança é um grupo artístico inclusivo constituído em 1996, que tem como referencial a pesquisa em arte contemporânea. A Cia é formada por 9 (nove) integrantes, sendo que 05 (cinco) bailarinos apresentam limitações aparentes (sequelas de paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, deficiência intelectual e síndrome de down). A Crepúsculo Cia. de Dança realiza desde sua constituição apresentações/debates de suas montagens em diversas cidades do interior de Minas Gerais, em Belo Horizonte e pontualmente em cidades pertencentes a outros estados do Brasil. Atualmente a Crepúsculo Cia. de Dança é considerada uma das referências nacionais em dança contemporânea inclusiva.

A Crepúsculo Cia de Dança tem em seu currículo os seguintes espetáculos: Tempos (2000), Extensão (2002), Afectos (2006) e Conatus – A Essência do Ser (2010), espetáculo apresentado em Alpestre, atualmente, está em processo de finalização a sua quinta montagem “Ecos – Ressonâncias do corpo e da alma”.

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O espetáculo “Conatus – A Essência do Ser”, da Crepúsculo Cia de Dança, apresenta ao público a diferença sob uma nova ótica, a da alegria de ter a diversidade como algo desafiador, novo e necessário a toda a sociedade que se pretenda mais digna e cumpridora de seu dever de acolher e gerar oportunidades a todos os seres humanos.

No espetáculo está impresso o trabalho desenvolvido há 15 anos pelo Crepúsculo – Centro de Desenvolvimento Humano na promoção de diferentes vivências e encontros, acessos e ações que potencializam expressões e vidas que antes permaneciam anônimas, escondidas, segregadas e envergonhadas. A montagem surge do desejo de nove intérpretes criadores em investigar as razões e desrazões que nos lançam à potência de agir. Utilizando-se de ações cênicas híbridas da dança e do teatro, a Cia instiga uma produção de sentimentos, pensamentos e atitudes sobre os quais os corpos se alegram. Correr e escapar em direção a ludicidade (linhas de fuga de Artaud), estender e ampliar a tendência inata do ser por paixões alegres (conatus de Spinoza).

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Ao final de um dia de intensas emoções e alegrias o que se podia constatar era a satisfação inerente nos semblantes dos organizadores, por verem o sucesso de um trabalho desejado e realizado com muito ardor e o brilho latente nos olhares dos espectadores presentes nas apresentações e também nas demais atrações ocorridas, com muito êxito, durante o Festival Inclusivo Dança Para Todos.

Por Elmo Gomes

 

Abaixo links para ver as fotos do Festival Dança Para Todos

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